A contradição das aulas síncronas – parte 1

Passados 5 meses desde o início da quarentena e 4 de aulas síncronas, consegui fazer um balanço sobre todo esse processo.
Primeiro vou relembrar que mudei meu filho de escola em maio deste ano, no meio da pandemia, simplesmente porque a escola onde ele estudava se recusava a fazer aulas síncronas ou disponibilizar qualquer tipo de ferramenta para aplicação de conteúdo, limitando-se a adiantar todas as férias e feriados possíveis e existentes neste e nos próximos anos, pois afirmava não abrir mão das aulas presenciais, nem que para isso, quando tudo retornasse, os alunos tivessem que ficar uma hora a mais na escola, incluindo os sábados. A verdade é que nunca houve e ainda não há estimativa de quando e de que forma as aulas presenciais irão retornar. Qualquer escola que fez projeção sobre prazos, datas e protocolos equivocou-se barbaramente.
As escolas particulares se viram num beco sem saída, pois muitos pais perderam o emprego ou tiveram seus salários reduzidos, e começaram a exigir descontos nas mensalidades, que posteriormente foi assegurado a princípio pelo Procon do Estado de SP e agora também a justiça passou a obrigar as instituições a darem descontos de pelo menos 30%, visto que o estabelecimento fechado tem, no mínimo, redução dos custos de água e luz e os mesmos devem ser repassados aos pais.
Mas as escolas particulares não quiseram sequer conversar e acabaram perdendo alunos ou para escolas mais baratas, ou até mesmo para as escolas públicas. Preocupadas com isso, ao invés de negociar com os pais, preferiram, através do Sindicato, pressionar o Governo do Estado a liberar a volta das aulas presenciais a todo custo, sem pensar que um aluno assintomático pode infectar uma família inteira, além de provocar mortes, mesmo que o índice de letalidade seja menor em crianças, as escolas e sindicatos parecem se esquecer que toda criança depende de uma família, e sem a família, além de não ter pagamento de mensalidade, a criança fica órfã. A questão é: vale a pena as escolas, por causa de 30% de desconto de mensalidade, serem responsáveis pelo genocídio? Não é tão simples dizer: “meu filho não volta pra escola este ano, mesmo que repita”, pois se a obrigatoriedade da aula presencial for novamente decretada e a criança não comparecer, configurará como crime de abandono intelectual, podendo acarretar, inclusive, em perda da guarda da criança. Mas, e se as escolas particulares e sindicatos fossem obrigados a assinar um termo de responsabilidade civil e criminal sobre infecção de covid-19 nos alunos e suas respectivas famílias, será que eles iriam preferir dar os 30% de desconto e apoiar os pais na decisão do retorno só ocorrer quando houver vacinação em massa, ou iriam preferir serem réus em grandes e custosos processos? Indenizações não trarão vidas de voltas, mas aparentemente 30% vale mais do que muitas vidas.
Diante desta queda de braço e o constante adiamento da volta presencial das aulas, até as escolas mais resistentes e desorganizadas tiveram que se render às aulas síncronas.
Está valendo a pena? As crianças estão mesmo aprendendo alguma coisa?
Continua no próximo post.